quarta-feira, 15 de maio de 2013

HIDROCEFALIA



HIDROCEFALIA
Definição:
                A hidrocefalia é o acumulo anormal de liquido céfalorraquideo dentro dos ventrículos intracerebrais ou do espaço aracnóide. É tipicamente associado com dilatação ventricular e aumento da pressão intracraniana; pode ocorrer em crianças (diversas faixas etárias) ou adultos, tendo causas especificas.
                Pode ser classificado como hidrocefalia não obstrutiva ou comunicante e obstrutiva ou não comunicante, dependendo da sua etiologia. Outro termo utilizado é a hidrocefalia ex-vácuo, quando relacionado com atrofia cerebral.
                Hidrocéfalo não comunicante se refere a hidrocefalia que resulta de lesões que obstruem o sistema ventricular e hidrocéfalo comunicante se refere a lesões que afetam e obstruem o espaço subaracnóideo.

                                                                                                                                  
Etiologia:
                - Bloqueio da circulação do liquido cefalorraquideo
                               - Intraventricular
                               - Extraventricular
                - Alterações na drenagem venosa
                - Hipertensão ou trombose dos seios venosos

Etiopatogenia:

Hereditária:
                - Recessiva ligada ao X
                - Estenose do aqueduto de Sylvius
                - Síndromes hereditárias
                               - Osteoporose
                               - Acondroplasia
                               - Klippel-Feil
                               - Esclerose tuberosa
                               - Neurofibromatose

Infecciosa:
                - Toxoplasmose
                - Citomegalovirus
                - Lues
                - Agentes virais
                - Pós-Meningite bacteriana
                - Neurocisticercose

Cistos:
                - Cisto aracnóide
Os cistos aracnóides são lesões congênitas da membrana aracnóide que se expandem com as secreções do fluido cérebro-espinhal. Corresponde a aproximadamente a 1% de todas as lesões intracraniais dos adultos e a aproximadamente 3% nas crianças. Embora 60-90% dos casos relatados fossem encontrados em pessoas jovens é possível encontrá-los em pessoas mais velhas.

O cisto pode ser de vários tamanhos, de muito pequeno, sem efeito de massa ao muito grande, com um efeito de massa e a erosão do osso; alguns são estáveis, outros podem crescer e se expandir. Os lugares mais comuns são na fissura Silviana e na fossa media do crânio (49% dos casos), a cisterna suprasellar (9%).



- Cisto colóide
Um cisto colóide é um saco ou vesícula contendo material gelatinoso no interior do cérebro. É quase sempre encontrado posteriormente ao forame de Monro no aspecto anterior do terceiro ventrículo, originando-se do teto do ventrículo. Devido à sua localização ele pode causar hidrocefalia obstrutiva ou pressão intracraniana.

Manifesta-se na vida adulta, apesar de congênito.
Mais freqüente no III ventrículo.
Causa obstrução do forame de Monro e cefaléia intermitente e postural.



Tumores:
                - Causam obstrução mecânica em algum ponto de via liquórica em especial quando localizados em
                               - Região pineal
                               - III ventrículo
                               - Região suprasellar
                               - Fossa posterior
Anormalidades vasculares
                - Aneurisma de veia de Galeno
Malformação com shunt arteriovenoso na região da veia cerebral magna, causando insuficiência cardíaca, sopro e hidrocefalia por compressão da porção posterior do III ventrículo e aqueduto cerebral.

Síndrome Chiari
A síndrome de Arnold-Chiari, ou má formação de Arnold-Chiari, consiste em uma mal formação rara e congênita do sistema nervoso central, localizada na fossa posterior da base cerebral. Esta malformação possui uma variabilidade de sinais e sintomas sendo que as principais consistem em alterações na estrutura do tronco cerebral e algumas vezes acompanhado de hidrocefalia. A forma mais grave desta patologia consiste na herniação da porção posterior do cerebelo e do tronco cerebral através do foramen magnum, ocorrendo que algumas partes do cérebro alcançam o canal da medula espinhal comprimindo-a.

1)      Herniaçoes das tonsilas cerebelares no interior do forame magno.
2)      Tórcula de Herófilo rebaixada.
Cisto de Dandy-Walker
A síndrome de Dandy-Walker, também chamada de complexo de Dandy Walker, consiste em uma malformação cerebral congênita que acomete o cerebelo e os espaços repletos de líquido circunvizinhos a ele.
Esta síndrome caracteriza-se pela ausência completa ou parcial da região de trás do cérebro situada entre os dois hemisférios cerebelares, denominado verme cerebelar; alargamento do quarto ventrículo; e formação de cistos próximo da base interna do crânio.


Estenose de aqueduto
                - Até 2/3 das hidrocefalias congênitas.
                - Gliose do aqueduto.
                - Obliteração do lúmen por proliferação subependimaria de astrocitos, processo reacional a infecções/inflamações.
                - Forking
                                Canais estreitados lado a lado no plano sagital medial do tronco do encéfalo, de forma que não se comunicam e são separados por tecido normal.


Fisiopatologia
                Após a obstrução da drenagem liquórica, os ventrículos começam a se expandir após 3 a 6 horas. A expansão se deve a produção continua de liquor em um sistema fechado. Inicialmente se dilatam os cornos frontais dos ventrículos laterais, depois occipitais, temporais e por fim o III ventrículo. Ocorre achatamento do epitélio ependimario e abertura das tight-junctions, principalmente à nível do ângulo dos cornos frontais. Vacuolização da camada subependimaria, afastamento do axônios, células gliais e neurônios, caracterizando edema na substancia branca e Transudação transependimaria.

Mecanismos compensatórios
·         Diminuição dos espaços cisternais e subaracnóideo.
·         Disjunção das suturas cranianas
·         Drenagem de liquor para o espaço subaracnóideo raquidiano
·         Redução do volume sanguíneo intracraniano.
·         Compressão do sistema venoso superficial

No período neonatal a hidrocefalia leva a um estado de sofrimento dos constituintes celulares existentes, interferindo na proliferação neuronal. A reconstituição do manto cortical após o tratamento, não resulta em restabelecimento dos elementos celulares e sim da formação de uma cicatriz glial, e do retorno das funções fisiológicas do tecido não lesado.

                Em casos subagudos a velocidade de expansão ventricular é lenta, evoluindo junto com o processo atrófico. Em fase crônica os mecanismos compensatórios podem dissipar o gradiente de pressão ventrículo/cérebro, estabilizando a expansão ventricular.
Hidrocefalia compensada.

Métodos diagnósticos
                Raio X de Crânio
·         Desproporção do crânio.
·         Diátese das suturas.
·         Adelgaçamento dos ossos da calota craniana.
·         Presença de calcificações intracranianas.
Eletro encefalograma
·         Assincronia bilateral do padrão do sono por estreitamento e disrupção das comissuras da linha media.
·         Hidroanencefalia: EEG isoelétrico.
Ultrassonografia
·         Utilizadas em crianças com fontanelas abertas
·         Permite inclusive diagnostico pré natal.
Tomografia computadorizada e ressonância magnética
·         Método de escolha.
·         Demonstra a posição e o tamanho de cada ventrículo, bem como o espaço subaracnóideo da base do crânio e convexidade.
·         Identifica condições associadas (tumores, hemorragias, infecções, etc).

Quadro clinico
·         Aumento do perímetro encefálico em medidas seriadas.
·         Transiluminação positiva quando espessura cortical menor que 1cm.

Crianças
·         Sinais de hipertensão intracraniana.
o   Náuseas/vômitos.
o   Irritabilidade.
o   Cefaléia.
o   Distensão dos vasos do couro cabeludo por inversão do fluxo sanguíneo venoso intra para extracraniano.
o   Adelgaçamento da pele e do couro cabeludo.
o   Disjunção das suturas.
o   Abaulamento das fontanelas.
o   Sinal do pote rachado (Sinal de McEwen).
o   Desvio dos olhos conjugado para baixo (sinal do sol poente).
o   Alterações respiratórias.
Adultos
·         Cefaléia.
·         Náuseas/Vômitos.
·         Dificuldade de concentração.
·         Dificuldade para a marcha.
·         Incontinência urinaria.
·         Sonolência.
·         Edema de papilas ópticas.
·         Confusão mental.
·         Paraparesia.
·         Hiperreflexia.
·         Crises convulsivas.

Tratamento
·         Clinico
o   Pouco sucesso, basicamente visa reduzir a produção liquorica.
§  Acetazolamida 250mg vo de 8/8hrs.
§  Furosemida 40 – 80 mg/d.
·         Derivaçoes ou shunts intracranianos
o   III ventriculostomia endoscópica.
o   Derivação ventrículo cisternal.
o   Indicados somente em casos de hidrocefalia obstrutiva onde existe espaço subaracnóideo permeável e mecanismo de absorção liquorica intacto.
·         Derivações extra cranianas
o   Ventrículo peritoneal.
o   Ventrículo atrial.
o   Com interposição de válvulas com fluxo unidirecional.
                                                                       
Fontes